Como entender Matrix?

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Veja abaixo tudo sobre matrix.

Por que Matrix 4 saiu 18 anos depois do último filme?
Quem são as autoras de Matrix?
Onde foi produzido Matrix?
O que pode ser visto no trailer de Matrix 4?
Tudo o que já sabemos sobre Matrix 4:
Título, data de estreia, trailers lançado, elenco e muito mais.

Quais os significados do termo Matrix?
Quais significados podem ser atribuídos ao nome Neo?
Quem é o Oráculo em Matrix?
O que significa Neo?

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Quais significados podem ser atribuídos ao nome Neo?
b.  Neo significa "novo" ou
"renovado" também pode ser um anagrama de ONE com o sentido de “principal”, de
“escolhido”.

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Quem é o Oráculo em Matrix?

Oráculo. Esta palavra tem dois significados principais que aparecem nas expressões “consultar um oráculo” e “receber um oráculo”. No primeiro caso, significa uma mensagem misteriosa” enviada por um deus com resposta a uma indagação feita por algum humano; é uma revelação divina que precisa ser decifrada e interpretada.

No segundo significa “uma pessoa especial”, que recebe a mensagem divina e a transmite para quem enviou a pergunta à divindade, deixando que o interrogante decifre e interprete a resposta recebida. Entre os gregos antigos, essa pessoa especial costumava ser uma mulher e era chamada sibila.

Quem assistiu ao primeiro filme da série Matrix há de se lembrar da cena em que o herói, Neo, é levado pelo guia, Morfeu, para ouvir o oráculo. No filme há uma sibila, a mulher que recebeu o oráculo (isto é, a mensagem) e que é, ela também, o oráculo (isto é, a transmissora da mensagem). Essa mulher pergunta a Neo se ele leu o que está escrito sobre a porta de entrada da casa em que acabou de entrar. Ele diz que não. Ela lê para ele as palavras, explicando-lhe que são de uma língua há muito desaparecida, o latim.
O que está escrito? Nosce te ipsum. O que significa? “Conhece-te a ti mesmo.” O oráculo diz a Neo que ele e somente ele poderá saber se é ou não aquele que vai livrar o mundo do poder da Matrix e, portanto, somente conhecendo-se a si mesmo ele terá a resposta.
Poucas pessoas que viram esse filme compreendem exatamente o significado dessa cena. Ela é a representação, no futuro, de um acontecimento do passado, ocorrido há 23 séculos, na Grécia.
Havia, na cidade de Delfos, na Grécia antiga, um santuário dedicado ao deus Apolo, deus da luz, da razão e do conhecimento verdadeiro, o patrono da sabedoria. Sobre o portal de entrada desse santuário estava escrita a grande mensagem do deus ou o principal oráculo de Apolo: Conhece-te a ti mesmo. Um ateniense, chamado Sócrates, foi ao santuário consultar o oráculo, pois em Atenas, onde morava, muitos diziam que ele era um sábio, e ele desejava saber o que era um sábio e se ele poderia ser chamado de sábio. O oráculo, que era uma mulher (a sibila), perguntou-lhe: “O que você sabe?”. Ele respondeu: “Só sei que nada sei”. Ao que o oráculo disse: “Sócrates é o mais sábio de todos os homens, pois é o único que sabe que não sabe”. Sócrates, como todos sabem, é o patrono da filosofia.

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Neo e a Matrix

Se voltarmos ao filme Matrix, podemos perguntar por que ali foi feito o paralelo entre Neo e Sócrates. Comecemos pelo nome das duas personagens masculinas principais: Neo e Morfeu. Esses nomes são gregos. Neo significa “novo” ou “renovado” e, quando dito de alguém, significa “jovem na força e no ardor da juventude”.
Morfeu pertence à mitologia grega: era o nome de um espírito, filho do Sono e da Noite, que possuía asas e era capaz, num único instante, de voar em absoluto silêncio para as extremidades do mundo. Esvoaçando sobre um ser humano ou pousando levemente sobre sua cabeça, tocando-o com uma papoula vermelha, tinha o poder não só de fazê-lo adormecer e sonhar, mas também de aparecer-lhe no sonho, tomando a forma humana.
É dessa maneira que, no filme, Morfeu se comunica pela primeira vez com Neo, que desperta assustado com o ruído de uma mensagem na tela de seu computador. E, no primeiro encontro de ambos, Morfeu surpreende Neo por sua extrema velocidade, por ser capaz de voar e por parecer saber tudo a respeito desse jovem que não o conhece.
Várias vezes Morfeu pergunta a Neo se este tem sempre a impressão de estar dormindo e sonhando, sem nunca ter certeza de estar realmente desperto. Essa pergunta deixa de ser feita a partir do momento em que, entre uma pílula azul e uma vermelha oferecidas por Morfeu, Neo escolhe ingerir a vermelha (como a papoula da mitologia), que o fará ver a realidade. É Morfeu quem lhe mostra a Matrix, fazendo-o compreender que passou a vida inteira sem saber se estava desperto ou se dormia e sonhava porque, realmente, esteve sempre dormindo e sonhando.
Qual é o poder da Matrix? Usar e controlar a inteligência humana para dominar o mundo, criando uma realidade virtual na qual todos acreditam. A Matrix é o feitiço que se virou contra o feiticeiro, a inteligência artificial que destrói a inteligência humana, porque só subsiste sugando o sistema nervoso central dos humanos.
Antes que a palavra computador fosse usada correntemente, quando só havia as enormes máquinas militares e de grandes empresas, falava -se em “cérebro eletrônico”. Por quê? Porque se trata de um objeto técnico muito diferente de todos aqueles até então conhecidos pela humanidade.
De fato, os objetos técnicos tradicionais ampliavam a força física dos seres humanos (o microscópio e o telescópio aumentam a força dos olhos; o navio, o automóvel e o avião aumentam a força dos pés; a alavanca, a polia, a chave de fenda, o martelo aumentam a força das mãos; e assim por diante). Em contrapartida, o “cérebro eletrônico” ou computador amplia e mesmo substitui as capacidades mentais ou intelectuais dos seres humanos.
A Matrix é o computador gigantesco que escraviza os homens, usando a mente deles para controlar seus sentimentos e pensamentos, fazendo-os crer que é real o que é aparente. Vencer o poder da Matrix é destruir a aparência, restaurar a realidade e assegurar que os seres humanos possam perceber e compreender o mundo verdadeiro e viver realmente nele. Todos os combates realizados por Neo e seus companheiros são combates mentais entre os centros de sensação, percepção e pensamento humanos e os centros artificiais da Matrix. As armas e tiroteios que aparecem na tela são pura ilusão, não existem, pois o combate real não é físico, e sim mental.

 

Neo e Sócrates


Por que as personagens do filme afirmam que Neo é “o escolhido”? Por que estão seguras de que ele será capaz de realizar o combate final e vencer a Matrix? Porque ele era um pirata eletrônico, alguém capaz de invadir programas, decifrar códigos e mensagens, mas, sobretudo, porque ele também era um criador de programas de realidade virtual, um perito capaz de rivalizar com a própria Matrix. Por ter um poder semelhante ao da Matrix, Neo sempre desconfiou de que a realidade não era exatamente tal como se apresentava. Sempre teve dúvidas sobre a realidade percebida e, secretamente, questionava o que era a Matrix. Essa interrogação o levou a vascular os circuitos internos da máquina (tanto assim que começou a ser perseguido por ela como alguém perigoso), e foram suas incursões secretas que o fizeram ser descoberto por Morfeu.
Por que Sócrates é considerado o “patrono da filosofia”? Porque jamais se contentou com as opiniões estabelecidas, com os preconceitos de sua sociedade, com as crenças inquestionadas de seus conterrâneos. Ele costumava dizer que era impelido por um espírito interior (como Morfeu instigando Neo) que o levava a desconfiar das aparências e procurar a realidade verdadeira das coisas.
Sócrates andava pelas ruas de Atenas fazendo perguntas aos atenienses: “O que é isso em que você acredita?”, “O que é isso que você está dizendo?”, “O que é isso que você está fazendo?”. Os atenienses achavam, por exemplo, que sabiam o que era a justiça. Sócrates lhes azia perguntas de tal maneira que, embaraçados e confusos, chegavam à conclusão de que não sabiam o que era a justiça. Os atenienses acreditavam que sabiam o que era a coragem. Com suas perguntas incansáveis, Sócrates os fazia concluir que não sabiam o que era a coragem. Os atenienses acreditavam que sabiam o que eram a bondade, a beleza, a verdade, mas um prolongado diálogo com Sócrates os fazia perceber que não sabiam o que era aquilo em que acreditavam.
A pergunta “O que é?” era o questionamento sobre a realidade essencial e profunda de uma coisa para além das aparências e contra as aparências. Com essa pergunta, Sócrates levava os atenienses a descobrir a diferença entre parecer e ser, entre mera crença ou opinião e verdade.
Sócrates era filho de uma parteira. Ele dizia que sua mãe ajudava no nascimento dos corpos e que ele também era um parteiro, mas não de corpos, e sim de almas. Assim como sua mãe lidava com a matrix corporal, ele lidava com a matrix mental, auxiliando as mentes a libertar-se das aparências e a buscar a verdade.
Como os de Neo, os combates socráticos eram também combates mentais ou de pensamento. E enfureceram de tal maneira os poderosos de Atenas que Sócrates foi condenado à morte, acusado de espalhar dúvidas sobre as ideias e os valores atenienses e, com isso, corromper a juventude.
O paralelo entre Neo e Sócrates não está apenas no fato de que ambos são instigados por “espíritos” que os fazem desconfiar das aparências, nem apenas por ambos consultarem um oráculo e receberem como mensagem o “conhece-te a ti mesmo”, e nem mesmo porque ambos lidam com matrizes.
Podemos encontrá-lo também ao comparar a trajetória de Neo no interior da Matrix com um dos mais célebres escritos do filósofo Platão, discípulo de Sócrates. Essa passagem encontra-se na obra intitulada A república e chama-se “O Mito da Caverna”.

O Mito da Caverna

felicidade
Imaginemos, escreve Platão, uma caverna separada do mundo exterior por um alto muro. Entre esse muro e o chão da caverna há uma fresta por onde passa alguma luz externa, deixando a caverna na obscuridade quase completa. Desde seu nascimento, geração após geração, seres humanos estão acorrentados ali, sem poder mover a cabeça na direção da entrada nem se locomover até ela, forçados a olhar apenas a parede do fundo, vivendo sem nunca ter visto o mundo exterior nem a luz do Sol. Estão quase no escuro e imobilizados.
Abaixo do muro, do lado de dentro da caverna, há um fogo que ilumina vagamente o interior sombrio e faz com que as coisas que se passam do lado de fora sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna (pensemos na caverna como. se fosse uma sala de cinema e o fogo como a luz de um projetor de filmes).
Do lado de fora, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras ou imagens de homens, mulheres, animais cujas sombras também são projetadas na parede da caverna. Nunca tendo visto o mundo exterior, os prisioneiros julgam que as sombras das coisas e das pessoas, os sons de suas falas e as imagens que transportam nos ombros são as próprias coisas externas, e que os artefatos (as figuras e imagens que alguns transportam) são seres vivos que se movem e falam.
Os prisioneiros se comunicam, dando nome às coisas que julgam ver (sem vê-las realmente, pois estão na obscuridade), e imaginam que o que escutam, e que não sabem que são sons vindos de fora, são as vozes das próprias sombras, e não dos seres humanos cujas imagens estão projetadas na parede, e também imaginam que os sons produzidos pelos artefatos que essas pessoas carregam nos ombros são vozes de seres reais.
Qual é, pois, a situação dessas pessoas aprisionadas? Tomam sombras por realidade, tanto as sombras das coisas e dos seres humanos exteriores como as sombras dos artefatos fabricados por eles. Essa confusão, porém, não tem como causa um defeito na natureza dos prisioneiros, e sim as condições adversas em que se encontram. Que aconteceria se eles fossem libertados dessa situação miserável?
Um dos prisioneiros, inconformado com a condição em que se encontra, decide abandonar a caverna. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões.
De início, move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na direção da saída da caverna e escala o muro. Enfrentando as durezas de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna. No primeiro instante, fica totalmente cego pela luminosidade do Sol, com a qual seus olhos não estão acostumados. Enche-se de dor por causa dos movimentos que seu corpo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de seus olhos sob a ação da luz externa, muito mais forte do que o fraco brilho do fogo que havia no interior da caverna. Sente-se dividido entre a incredulidade e o deslumbramento.
Incredulidade, porque será obrigado a decidir sobre onde se encontra a realidade: no que vê agora ou nas sombras em que sempre viveu? Deslumbramento (literalmente: “ferido pela luz”), porque seus olhos não conseguem ver com nitidez as coisas iluminadas.
Seu primeiro impulso é retomar à caverna para livrar-se da dor e do espanto, atraído pela escuridão, que lhe parece mais acolhedora. Além disso, precisa aprender a ver, e esse aprendizado é doloroso, fazendo-o desejar a caverna, onde tudo lhe é familiar e conhecido.
Sentindo-se sem disposição para regressar à caverna por causa da rudeza do caminho, prisioneiro permanece no exterior. Aos poucos, habitua-se à luz e começa a ver o mundo. Encanta-se, tem a felicidade de finalmente ver as coisas como elas realmente são, descobrindo que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas sombras. Doravante, desejará ficar longe da caverna para sempre e lutará com todas as suas forças para jamais regressar a ela. Mas lamenta a sorte dos outros prisioneiros. Por fim, toma a difícil decisão de regressar ao subterrâneo sombrio para contar aos demais o que viu e convencê-los a se libertarem também.
Que lhe acontece nesse retorno? Os demais prisioneiros zombam dele, não acreditando em suas palavras. Se não conseguirem silenciá-lo com suas caçoadas, tentarão fazê-lo espancando-o. Se mesmo assim ele teimar em afirmar o que viu e os convidar a sair da caverna, certamente acabarão por matá-lo.
Mas, quem sabe, alguns poderão ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidir sair da caverna rumo à realidade? O que é a caverna? O mundo de aparências em que vivemos. Que são as sombras projetadas no fundo? As coisas que percebemos. Que são os grilhões e as correntes? Nossos preconceitos e opiniões, nossa crença de que o que estamos percebendo é a realidade. Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo. O que é a luz do Sol? A luz da verdade. O que é o mundo iluminado pelo sol da verdade? A realidade. Qual o instrumento que liberta o prisioneiro rebelde e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A filosofia.

Nossas crenças

Em nossa vida cotidiana, afirmamos, negamos, desejamos, aceitamos ou recusamos coisas, pessoas, situações. Fazemos perguntas, como “Que horas são?”, ou “Que dia é hoje?”. Dizemos frases, como “Ele está sonhando”, ou “Ela ficou maluca”. Fazemos afirmações, como “Onde há fumaça, há fogo”, ou “Não saia na chuva para não se resfriar”. Avaliamos coisas e pessoas, dizendo, por exemplo, “Esta casa é mais bonita do que a outra” e “Maria está mais jovem do que Glorinha”.
Numa disputa, quando os ânimos estão exaltados, um dos contendores pode gritar para o outro: “Mentiroso! Eu estava lá e não foi isso o que aconteceu”, e alguém, querendo acalmar a briga, pode dizer: “Vamos pôr a cabeça no lugar, cada um seja bem objetivo e diga o que viu, porque assim todos poderão se entender”.
Também é comum ouvirmos os pais e amigos dizerem que quando o assunto é o namorado ou a namorada não somos capazes de ver as coisas como elas são, que vemos o que ninguém vê e não vemos o que todo mundo está vendo. Dizem que somos “muito subjetivos”. Ou, como diz o ditado, que “quem ama o feio, bonito lhe parece”.
Frequentemente, quando aprovamos uma pessoa, o que ela diz, como ela age, dizemos que essa pessoa “é legal”. Vejamos um pouco mais de perto o que dizemos em nosso cotidiano. Quando pergunto “Que horas são?” ou “Que dia é hoje?”, minha expectativa é a de que alguém, tendo um relógio ou um calendário, me dê a resposta exata.
Em que acredito quando faço a pergunta e aceito a resposta? Acredito que o tempo existe, que ele passa, pode ser medido em horas e dias, que o que já passou é diferente de agora e o que virá também há de ser diferente deste momento, que o passado pode ser lembrado ou esquecido, e o futuro, desejado ou temido. Assim, uma simples pergunta contém, silenciosamente, várias crenças.
Por que crenças? Porque são coisas ou ideias em que acreditamos sem questionar, que aceitamos porque são óbvias, evidentes. Afinal, quem não sabe que ontem é diferente de amanhã, que o dia tem horas e que elas passam sem cessar?
Quando digo “ele está sonhando” para me referir a alguém que está acordado e diz ou pensa alguma coisa que julgo impossível ou improvável, tenho igualmente muitas crenças silenciosas: acredito que sonhar é diferente de estar acordado; que, no sonho, o impossível e o improvável se apresentam como possível e provável; e também que o sonho se relaciona com o irreal, enquanto a vigília se relaciona com o que existe realmente.Acredito, portanto, que a realidade existe fora de mim, que posso percebê-la e conhecê-la tal como é, e por isso creio que sei diferenciar realidade de ilusão. A frase “Ela ficou maluca” contém essas mesmas crenças e mais uma: a de que sabemos diferenciar a sanidade mental da loucura; que a sanidade mental se chama razão e que maluca é a pessoa que perde a razão e inventa uma realidade existente só para ela. Assim, ao acreditar que sei distinguir a razão da loucura, acredito também que a razão se refere a uma realidade que é a mesma para todos, ainda que não gostemos das mesmas coisas.
Quando alguém diz “onde há fumaça, há fogo” ou “não saia na chuva para não se resfriar”, afirma silenciosamente muitas crenças: acredita que existem relações de causa e efeito entre as coisas; que onde houver uma coisa certamente houve uma causa para ela; ou que essa coisa é causa de alguma outra (o fogo é causa e a fumaça é seu efeito, a chuva é causa do resfriado ou o resfriado é efeito da chuva). Acreditamos, assim, que a realidade é feita de causalidades; que as coisas, os fatos, as situações se encadeiam em relações de causa e efeito que podem ser conhecidas por nós e, até mesmo, ser controladas por nós para serem utilizadas em nossa vida.

Exercendo nossa liberdade
 

Quando dizemos que uma casa é mais bonita do que a outra, ou que Maria está mais jovem do que Glorinha, acreditamos que as coisas, as pessoas, as situações, os fatos podem ser comparados e avaliados, julgados por sua qualidade (bonito, feio, bom, ruim, jovem, velho, engraçado, triste, limpo, sujo) ou por sua quantidade (muito, pouco, mais, menos, maior, menor, grande, pequeno, largo, estreito, comprido, curto). Julgamos, assim, que as qualidades e as quantidades existem, que podemos conhecê-las e usá-las em nossa vida.
Se disséssemos, por exemplo, que “o Sol é maior do que o vemos”, estamos acreditando
que nossa percepção alcança as coisas de modos diferentes, às vezes tais como são em si mesmas (a folha deste livro, bem à nossa frente, é percebida como branca e, de fato, ela o é), outras vezes tais como nos parecem (o Sol, de fato, é maior do que o disco dourado que vemos ao longe),dependendo da distância, de nossas condições de visibilidade ou da localização e do movimento dos objetos. Por isso acreditamos que nossa visão pode ver as coisas diferentemente do que elas são, mas nem por isso diremos que estamos sonhando ou que ficamos malucos.
Acreditamos, assim, que vemos as coisas nos lugares em que elas estão ou do lugar em que estamos, e que a percepção visual varia de acordo com a distância: se estão próximas ou distantes de nós. Isso significa que acreditamos que elas e nós ocupamos lugares no espaço e, portanto, cremos que este existe, pode ser diferenciado (perto, longe, alto, baixo) e medido (comprimento, largura, altura).
Na briga, quando alguém chama o outro de mentiroso porque não estaria dizendo os fatos exatamente como eles aconteceram, está presente a nossa crença de que há diferença entre verdade e mentira. A primeira diz as coisas tais como são, a segunda faz exatamente o contrário, distorce a realidade. No entanto, consideramos a mentira diferente do sonho, da loucura e do erro, porque o sonhador, o louco e o que erra se iludem involuntariamente, enquanto o mentiroso decide voluntariamente deformar a realidade e os fatos.
Com isso, acreditamos que o erro e a mentira são falsidades, embora diferentes, porque somente na mentira há a decisão de falsear. Ao diferenciarmos erro de mentira, considerando o primeiro uma ilusão ou um engano involuntários e a segunda uma decisão voluntária, manifestamos silenciosamente a crença de que somos seres dotados de vontade e que dela depende dizer a verdade ou a mentira.
Ao mesmo tempo, porém, nem sempre avaliamos a mentira como uma coisa ruim: não gostamos tanto de ler romances, ver novelas, assistir a filmes? E não são mentira? É que também acreditamos que, quando alguém nos avisa que está mentindo, a mentira é aceitável, não seria uma mentira” pra valer”.
Quando distinguimos verdade de mentira e distinguimos mentiras inaceitáveis de mentiras aceitáveis, não estamos apenas nos referindo ao conhecimento ou desconhecimento da realidade, mas também ao caráter da pessoa, à sua moral.
Acreditamos, portanto, que as pessoas, porque possuem vontade, podem ser morais ou imorais, pois cremos que a vontade é o poder de escolher entre o bem e o mal. E sobretudo acreditamos que exercer tal poder é exercer a liberdade, pois acreditamos que somos livres porque escolhemos voluntariamente nossas ações, nossas ideias, nossos sentimentos.

Conhecendo as coisas

Na briga, quando uma terceira pessoa pede às outras duas para “pôr a cabeça no lugar” e ser” objetivas”, ou quando falamos dos namorados como incapazes de ver as coisas como são ou como sendo “muito subjetivos”, também manifestamos várias crenças silenciosas.
De fato, acreditamos que, quando alguém quer defender muito intensamente um ponto de vista, uma preferência, uma opinião e é até capaz de brigar por isso, pode “perder a objetividade” e se deixar guiar apenas pelos seus sentimentos, e não pela realidade. Da mesma maneira, acreditamos que os apaixonados se tomam incapazes de ver as coisas como são, de ter uma “atitude objetiva” e que sua paixão os faz ficar “muito subjetivos”.
Em que acreditamos, então? Acreditamos que ter objetividade é ter uma atitude imparcial, que percebe e compreende as coisas tais como são verdadeiramente, enquanto a subjetividade é uma atitude parcial, pessoal, ditada por sentimentos variados (amor, ódio, medo, desejo).
Assim, não só acreditamos que a objetividade e a subjetividade existem, como ainda acreditamos que são diferentes e que a primeira percebe perfeitamente a realidade e não a deforma, enquanto a segunda não percebe adequadamente a realidade e, voluntária ou involuntariamente, a deforma.
Ao dizermos que alguém “é legal” porque tem os mesmos gostos, as mesmas ideias, respeita ou despreza as mesmas coisas que nós e tem atitudes, hábitos e costumes muito parecidos com os nossos, estamos, silenciosamente, acreditando que a vida com as outras pessoas – família, amigos, escola, trabalho, sociedade, política – nos faz semelhantes ou diferentes em decorrência de normas e valores morais, políticos, religiosos e artísticos, regras de conduta, finalidades de vida.
Achamos óbvio que todos os seres humanos seguem regras e normas de conduta, possuem valores morais, religiosos, políticos, artísticos, vivem na companhia de seus semelhantes e procuram distanciar-se dos diferentes dos quais discordam e com os quais entram em conflito.
Acreditamos que somos seres sociais, morais e racionais, pois regras, normas, valores, finalidades só podem ser estabelecidos por seres conscientes e dotados de raciocínio.
Como se pode notar, nossa vida cotidiana é toda feita de crenças silenciosas, da aceitação de coisas e ideias que nunca questionamos porque nos parecem naturais, óbvias. Cremos na existência do espaço e do tempo, na realidade exterior e na diferença entre realidade e sonho, assim como na diferença entre sanidade mental ou razão e loucura.
Cremos na existência das qualidades e das quantidades. Cremos que somos seres racionais capazes de conhecer as coisas e por isso acreditamos na existência da verdade e na diferença entre verdade e mentira; cremos também na objetividade e na diferença entre ela e a subjetividade.
Cremos na existência da vontade e da liberdade e por isso cremos na existência do bem e do mal, crença que nos faz aceitar como perfeitamente natural a existência da moral e da religião. Cremos também que somos seres que naturalmente precisam de seus semelhantes e por isso tomamos como Um fato óbvio e inquestionável a existência da sociedade com suas regras, normas, permissões e proibições. Haver sociedade é, para nós, tão natural quanto haver Sol, Lua, dia, noite, chuva, rios, marés, céu e florestas.
E se não for bem assim?
Quando, em Matrix, Neo pergunta: “Onde estamos?”, Morfeu lhe diz que a pergunta está equivocada, pois o correto seria perguntar: “Quando estamos?”. Ou seja, Neo pergunta pelo lugar ou pela realidade espacial – onde? -, mas teria de perguntar pela realidade temporal- quando?
Ao mostrar-lhe que não estão vivendo no ano de 1999 e sim no século XXI, Morfeu pode mostrar a Neo onde eles realmente estão vivendo: num mundo destruído e arruinado, vazio de coisas e de pessoas, pois todos os seres humanos estão aprisionados no interior da Matrix. O que Neo julgava ser o mundo real é pura ilusão e aparência.
Para fazê-la compreender o que se passa, Morfeu (como sua origem mitológica indica) faz com que incessantemente e velozmente tudo mude de forma, cor, tamanho, lugar e tempo, de maneira que Neo tenha de perguntar se o espaço e o tempo existem realmente.
Quando é levado ao oráculo, Neo presencia fatos surpreendentes: vê crianças realizando prodígios, como entortar e desentortar uma colher sem tocar nela, ou manter cubos soltos no ar e em movimento sem neles tocar. Diante de sua surpresa, a criança que entorta e desentorta a colher lhe diz simplesmente: “A colher não existe”. Neo está diante de uma contradição entre visão e realidade: o que ele vê não existe e o que existe não é visto por ele.
Exatamente por isso e por estar perplexo, sem compreender o que se passa, é que o oráculo lhe mostra a inscrição sobre a porta – “Conhece-te a ti mesmo” -, indicando-lhe que, antes de tentar resolver os enigmas do mundo externo, será mais proveitoso que comece compreendendo-se a si mesmo.
Quantas vezes não passamos por situações desse tipo, que nos levam a desconfiar ora das coisas, ora de nós mesmos, ora dos outros?
Cremos que nossa vontade é livre para escolher entre o bem e o mal. Cremos também na necessidade de obedecer às normas e às regras de nossa sociedade. Que acontece, porém, quando, numa situação, nossa vontade nos indica que é bom fazer ou querer algo que nossa sociedade proíbe ou condena? Ou, ao contrário, quando nossa vontade julga que será um mal e uma injustiça querer ou fazer algo que nossa sociedade exige ou obriga? Há momentos em que vivemos um conflito entre o que nossa liberdade deseja e o que nossa sociedade determina e impõe.
Cremos na existência do tempo, isto é, num transcorrer que não depende de nós, e cremos que podemos medi-lo com instrumentos, como o relógio, e o cronômetro. No entanto, quando estamos à espera de alguma coisa muito desejada ou de alguém muito querido, o tempo parece não passar; olhamos para o relógio e nele o tempo está passando, sem corresponder ao nosso sentimento de que está quase parado.
Ao contrário, se estamos numa situação de muita satisfação (uma festa, um encontro amoroso, um passeio com amigos queridos), o tempo passa velozmente, ainda que o relógio mostre que se passaram várias horas.
Vemos que o Sol nasce a leste e se põe a oeste; que sua presença é o dia e sua ausência é a noite. Nossos olhos nos fazem acreditar que o Sol se move à volta da Terra e que esta permanece imóvel. Quando, durante muitas noites seguidas, acompanhamos a posição das estrelas no céu, vemos que elas mudam de lugar e acreditamos que se movem à nossa volta, enquanto a Terra permanece imóvel. No entanto, a astronomia demonstra que não é isso que acontece. A Terra é um planeta num sistema cuja estrela central se chama Sol, ou seja, a Terra é um planeta do sistema solar, e ela, juntamente com outros planetas, é que se move à volta do Sol, num movimento de translação.

Além desse movimento, ela ainda realiza um outro, o de rotação em torno de seu eixo invisível. O movimento de translação explica a existência do ano, e o de rotação explica a existência do dia e da noite. Assim, há uma contradição entre a nossa crença na imobilidade da Terra e a informação astronômica sobre os movimentos terrestres.
Esses exemplos assemelham-se às experiências e desconfianças de Neo: por um lado, tudo parece certinho e como tem de ser; por outro, parece que tudo poderia estar errado ou ser ilusão. Temos a crença na liberdade, mas somos dominados pelas regras de nossa sociedade. Temos a experiência do tempo parado ou do tempo ligeiro, mas o relógio não comprova essa experiência. Temos a percepção do Sol e das estrelas em movimento à volta da Terra imóvel, mas a astronomia nos ensina o contrário.
Momentos de crise
Esses conflitos entre várias de nossas crenças e um saber estabelecido indicam a principal circunstância em que somos levados a mudar de atitude. Quando uma crença contradiz outra ou parece incompatível com outra, ou quando aquilo em que sempre acreditamos é contrariado por uma outra forma de conhecimento, entramos em crise.
Algumas pessoas se esforçam para fazer de conta que não há nenhum problema e vão levando a vida como se tudo estivesse “muito bem, obrigado”. Outras, porém, sentem-se impelidas a indagar qual é a origem, o sentido e a realidade de nossas crenças. É assim que o conflito entre minha vontade e as regras de minha sociedade me levam à seguinte questão: sou livre quando quero ou faço algo que contraria minha sociedade, ou sou livre quando domino minha vontade e a obrigo a aceitar o que minha sociedade determina?
Ou seja, sou livre quando sigo minha vontade ou quando sou capaz de controlá-la? Ora, para responder a essa questão precisamos fazer outras perguntas, mais profundas. Temos de perguntar: “O que é a liberdade?”, “O que é a vontade?”, “O que é a sociedade?”, “O que são o bem e o mal, o justo e o injusto?”.
É assim também que as experiências do tempo parado e do tempo veloz e a do tempo marcado pelo relógio nos levam a indagar:” Como é possível que haja duas realidades temporais diferentes, a marcada pelo relógio e a vivida por nós?”, “Qual é o tempo real e verdadeiro?”. Mas, para responder a essa pergunta, novamente é preciso fazer uma pergunta mais profunda: “O que é o tempo?”. Da mesma maneira, a diferença entre nossa percepção da imobilidade da Terra e mobilidade do Sol e o que ensina a astronomia leva-nos a perguntar: “Se não percebemos os movimentos da Terra e se nossos olhos se enganam tão profundamente, será que poderemos sempre confiar em nossa percepção visual ou deveremos sempre desconfiar dela?”, “Será que percebemos as coisas como realmente são?”.
Para responder a essas perguntas, precisamos fazer duas outras, mais profundas: “O que é perceber?” e “O que é realidade?”. O que está por trás de tais perguntas? O fato de que estamos mudando de atitude. Quando o que era objeto de crença aparece como algo contraditório ou problemático e por isso se transforma em indagação ou interrogação, estamos passando da atitude costumeira à atitude filosófica.
Essa mudança de atitude indica algo bastante preciso: quem não se contenta com as crenças ou opiniões preestabelecidas, quem percebe contradições e incompatibilidades entre elas, quem procura compreender o que elas são e por que são problemáticas está exprimindo um desejo, o desejo de saber. E é exatamente isso o que, na origem, a palavra filosofia significa, pois, em grego, philosophía quer dizer “amor à sabedoria”.

Buscando a saída da caverna ou a atitude filosófica

Imaginemos, portanto, alguém que tomasse a decisão de não aceitar as opiniões estabelecidas e começasse a fazer perguntas que os outros julgam estranhas e inesperadas. Em vez de “Que horas são?” ou “Que dia é hoje?”, perguntasse: “O que é o tempo?”. Em vez de dizer “Está sonhando” ou “Ficou maluca”, quisesse saber: “O que é o sonho, a loucura, a razão?”. Suponhamos que essa pessoa fosse substituindo suas afirmações por perguntas e em vez de dizer “Onde há fumaça, há fogo” ou “Não saia na chuva para não ficar resfriado”, perguntasse “O que é causa?”, “O que é efeito?”; ou se, em lugar de dizer “Seja objetivo” ou “Eles são muito subjetivos”, perguntasse “O que é a objetividade?”, “O que é a subjetividade?”; e, ainda, se em vez de afirmar “Esta casa é mais bonita do que a outra”, perguntasse “O que é ‘mais’?”, “O que é ‘menos’?”, “O que é o belo?”. Em vez de gritar “Mentiroso!”, questionasse: “O que é a verdade?”, “O que é o falso?”, “O que é o erro?”, “O que é a mentira?”, “Quando existe verdade e por quê?”, “Quando existe ilusão e por quê?”.
Se, em vez de falar na subjetividade dos namorados, inquirisse: “O que é o amor?”, “O que é o desejo?”, “O que são os sentimentos?”. Se, em lugar de discorrer tranquilamente sobre “maior” e “menor” ou “claro” e “escuro”, resolvesse investigar: “O que é a quantidade?”, “O que é a qualidade?”.
E se, em vez de afirmar que gosta de alguém porque esse alguém possui as mesmas ideias que ela, os mesmos gostos, as mesmas preferências e os mesmos valores, preferisse analisar: “O que é um valor?”, “O que é um valor moral?”, “O que é um valor artístico?”, “O que é a moral?”, “O que é a vontade?”, “O que é a liberdade?”.
Alguém que tomasse essa decisão estaria se distanciando da vida cotidiana e de si mesmo, pois estaria indagando o que são as crenças e os sentimentos que alimentam, silenciosamente, nossa existência.
Ao tomar essa distância, estaria interrogando a si mesmo, desejando conhecer por que cremos no que cremos, por que sentimos o que sentimos e o que são nossas crenças e nossos sentimentos. Esse alguém estaria começando a cumprir o que dizia o oráculo de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo”. E estaria passando a adotar a atitude filosófica.
Assim, uma primeira resposta à pergunta “O que é filosofia?” poderia ser: “A decisão de não aceitar como naturais, óbvias e evidentes as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreendido”.

sentidodavida

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A Matrix e, dessa forma, é a construção artificial de uma realidade que se reveste de aparências determinadas pela nossa mente. É uma hiper-realidade, uma espetacularização, dada pelos dominantes e que aceitamos como verdadeira.
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alveslet2020

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Explicação:

uma palavra de origem grega que significa expansão de consciência e mudança essencial de pensamento ou de caráter.

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Projeto Matrix e a Filosofia - roteiro para leitura analítica - padrão de resposta

    1. Nome: nº. ano: data: / / Projeto MATRIX e a Filosofia (1º TRIMESTRE – 2011) Ensino Médio 1ª Série Galerinha, Nesta segunda etapa de trabalho com o filme Matrix faremos uma leitura analítica –através de um roteiro que demanda pesquisa e reflexa - para, em uma última etapa, avançarmospara uma leitura crítica com a elaboração de um empreendimento com o tema do projeto. Para darconta da leitura analítica será necessário rever alguns trechos do filme e, a fim de facilitar estaação, a biblioteca irá disponibilizar cópias do filme para empréstimos por períodos de três diasúteis renováveis por mais três. Boa leitura!Roteiro de leitura analítica1) Faça uma breve pesquisa na internet, em seguida responda: a. Quais os significados do termo Matrix? Matrix é uma palavra de origem latina que deriva de mater, cujo significado é mãe. Também designa o útero. Outros significados: a) molde para fundição de uma peça; b) circuito de codificadores e decodificadores das cores primárias (imagens de TV) e dos sons (CDs, filmes); c) rede de guias de entradas e saídas de elementos lógicos que permitem o funcionamento dos equipamentos de informática (placa-mãe). No filme, como afirma Marilena Chauí, “a Matrix tem todos esses sentidos: ela é, ao mesmo tempo, um útero universal onde estão todos os seres humanos cuja vida real é "uterina" e cuja vida imaginária é forjada pelos circuitos de codificadores e decodificadores de cores e sons e pelas redes de guias de entrada e saída de sinais lógicos.” (CHAUÍ, Marilena. Matrix e a Filosofia, p. 2-3). b. Quais significados podem ser atribuídos ao nome Neo? Neo significa "novo" ou "renovado" também pode ser um anagrama de ONE com o sentido de “principal”, de “escolhido”. 1
    2. Nome: nº. ano: data: / / c. Quem é Morfeu na mitologia grega? Morfeu era o filho do Sono e da Noite. Ele possuía asas e era capaz de voar em absoluto silêncio para os extremos do mundo. Ao voar sobre um ser humano e tocá-lo com uma papoula vermelha, tinha o poder de fazê-lo adormecer e sonhar e de aparecer-lhe no sonho, tomando a forma humana. É assim que Morfeu se comunica pela primeira vez com Neo, que desperta sobressaltado com uma mensagem na tela de seu computador. d. O que é um oráculo? A palavra oráculo possui como significados principais: A) “consultar um oráculo" significa "uma mensagem misteriosa" enviada por um deus como resposta a uma indagação feita por algum humano; é uma revelação divina que precisa ser decifrada e interpretada. B) "receber um oráculo" significa "uma pessoa especial", que recebe a mensagem divina e a transmite para quem enviou a pergunta à divindade, deixando que o interrogante decifre e interprete a resposta recebida (entre os gregos antigos, essa pessoa especial costumava ser uma mulher e era chamada de sibila); C) local que representa uma divindade.e. Sião – mencionada no filme como sendo a última cidade humana seu significado - existiu de fato. Qual a sua localização e o seu significado? O termo bíblico "Sião" (ou Tzion) é usado como sinônimo de "Jerusalém" e significa local ensolarado, ou exposto ao sol; monte ensolarado. O Monte Sião é uma elevação localizada em Jerusalém – a 765 metros acima do nível do mar - que fica na região sudoeste da cidade. Segundo a Bíblia, teria sido no Monte Sião a celebração, por Jesus, da última Páscoa e o local onde ele teria instituído a Ceia do Senhor. Com o passar do tempo, o local tornou-se o símbolo da esperança de retorno do povo judeu para a sua terra e sua pátria (“terra prometida”).2) Sobre os elementos de tecnologia da informação presentes no filme, responda: a) Como são chamados os programas de computador que permitem aos humanos interagir com as máquinas de forma a participar do que acontece? Estes programas são chamados de simuladores de realidade virtual. 2
    3. Nome: nº. ano: data: / / b) Como é chamado na informática o elemento que os agentes colocaram no organismo de Neo? E na estratégia militar? Ele é chamado de vírus e na estratégia militar de rastreador, em ambos os casos tem a função de “espionar” e, na maioria das vezes, de causar algum tipo de destruição ao seu destinatário. c) O que é o “eu digital” a que Morfeu se refere na cena em que leva Neo para conhecer a Matrix? O “eu digital” é a imagem que cada pessoa faz de si mesma no interior da Matrix. d) Por que as telas de computador que analisam a Matrix são pretas e suas letras são verdes? Os equipamentos de informática mostrados no filme são os existentes em 1998, ano em que o filme foi produzido, e retratam um momento inicial de massificação dos computadores, quando os equipamentos – ainda totalmente baseados no sistema operacional DOS - tinham aparência muito simples expressa em telas pretas e caracteres verdes. e) Por que toda vez que os personagens do filme precisam locomover-se de um local para outro precisam recorrer a uma linha telefônica? Porque naquela época a comunicação virtual somente era possível por acesso telefônico discado, o que criava a dependência das linhas telefônicas. Por isso o filme - todo baseado na realidade virtual comum na internet – necessita das conexões telefônicas como forma de locomoção. f) A chuva que escorre pelos vidros do carro em que Trinity resgata Neo lembra a cena inicial da conversa telefônica em que, pela primeira vez, o nome de Morfeu é mencionado. Por que essa semelhança acontece neste momento? A semelhança ocorre por dois motivos. Em primeiro lugar as gotas no vidro lembram a tela preta com caracteres verdes da primeira cena do filme na qual o nome de Morfeu é citado pela primeira vez. Em segundo lugar a cena da chuva – ao assemelhar-se ao mundo das máquinas que controlam o mundo dos humanos - demonstra o predomínio daquelas e sua presença em todos os momentos da vida, inclusive neste momento que simboliza a fuga de Neo para o mundo real. 3
    4. Nome: nº. ano: data: / /3) Sobre o personagem Cypher – que trai o grupo oferecendo informações sobre Morfeu ao Agente, responda: a) Ele é chamado pelo Agente de Sr. Reagan (mesmo nome de um ex-presidente dos EUA que governou entre os anos de 1981 e 1989). Pesquise sobre a vida deste ex-presidente e responda. Por que o personagem em questão leva o seu nome? Ronald Reagan – além de presidir os Estados Unidos nos anos 80 - foi ator de Hollywood nos anos 50. Considerado pela crítica como um grande canastrão, Reagan presidiu o sindicato dos atores na época da perseguição aos comunistas pelo macarthismo (após a Segunda Guerra Mundial). Ele serviu como informante do FBI onde recebeu o codinome de T-10 e, mais de uma vez, declarou que era necessário varrer da comunidade cinematográfica os suspeitos de ligação ou simpatia com o comunismo. Sua “colaboração” teve como contrapartida colocá-lo em evidencia na mídia e viabilizar convites para papéis mais interessantes no cinema. É por isso que o filme dá o nome ao personagem, para caracterizá-lo como alguém que, fazendo parte de um grupo, se dispõe a delatar pessoas em troca de uma situação mais confortável para si. b) A personagem diz que a “ignorância é maravilhosa” e, posteriormente, que está “cansado desta guerra, cansado de lutar, cansado deste barco”. Reflita sobre isso e responda. Por que “remar contra a maré”, ou seja, manter-se no mundo real, é tão difícil? Em nosso cotidiano nos acostumamos com crenças que se tornam difíceis de abandonar. Em geral, estas crenças tornam a vida mais fácil e confortável, por isso, muitas vezes, mesmo alertados da existência do real, não conseguimos deixar de lado as crenças costumeiras (senso comum) e mergulhar na realidade (conhecimento real).4) Faça uma breve pesquisa na internet e converse com os professores/as de Química e Biologia, em seguida responda às questões. a) A que fenômeno – já em curso nos dias de hoje - Morfeu se referia ao dizer que “fomos nós [os humanos] que queimamos o céu”? Provavelmente, Morfeu referia-se as mudanças climáticas que já mostravam seus efeitos em meados da década de 90. 4
    5. Nome: nº. ano: data: / / b) Qual origem da Mescalina e quais os seus efeitos no organismo? A Mescalina é um alucinógeno forte extraído do cacto Peyote (Lophophora Williamsii). Apresenta-se sob a forma de um pó branco que, geralmente, é consumido por via oral. É uma substância com propriedades antibióticas e analgésicas, mas que, no estágio da dependência química, tem efeitos psicodélicos semelhantes aos do LSD: provoca alterações de consciência e percepção; alucinações, instabilidade emocional, paranóia, entre outros. c) É possível uma experiência como aquela em que seres humanos são criados em laboratório para servir como fonte de energia? Em termos teóricos a possibilidade de, como no filme, os seres humanos tornarem-se baterias de bioeletricidade e através de uma "espécie de fusão", serem utilizados para fornecer energia é possível. d) As informações dadas por Morfeu sobre a fonte de energia do corpo humano são verdadeiras? Se a resposta for afirmativa, de que forma isso ocorreria? As informações são verdadeiras. O organismo humano é realmente um gerador de energia criada através da respiração celular e armazenada por ligações químicas. Entretanto, realizar uma experiência como essa é possível, mas demandaria um tipo de tecnologia e uma quantidade de humanos que a tornaria, no mínimo, inexequível de um ponto de vista prático. e) Aquele tipo de experimentação seria possível em 1999, ano em que o filme foi realizado? Justifique sua resposta. Não. Ainda hoje a tecnologia necessária para realizar este experimento não existe, o que implica em dizer que não existe em 1999.5) Faça uma breve pesquisa na internet e converse com os professores/as de literatura sobre os temas abaixo, em seguida responda às questões. a) Qual o significado do coelho branco na obra “Alice no país das maravilhas”? Na obra, o coelho branco expressa a transição do mundo real para o mundo dos sonhos e também é utilizado para demarcar a passagem do tempo. 5
    6. Nome: nº. ano: data: / / b) Qual a relação do personagem do livro com o coelho branco que aparece no início do filme? No livro, o coelho branco mostra para a personagem Alice a entrada para o mundo dos sonhos (O País das Maravilhas) e no filme o coelho é o convite de Morfeu para que Neo penetre no mundo dos sonhos (a Matrix). c) Por que Morfeu diz – em seu primeiro encontro com Neo – que ele deve estar se sentindo como Alice prestes a entrar na toca do coelho? Porque, assim como Alice, está prestes a entrar em mundo totalmente desconhecido e tem que tomar essa decisão sem apoio externo, Neo também precisa decidir por si só o que fazer em relação ao mundo desconhecido que Morfeu lhe propõe abrir.6) Matrix foi o filme que lançou o efeito especial chamado de bullet-time. Faça uma breve pesquisa sobre ele e responda à pergunta: Em que momentos do filme este efeito aparece e que sentido dá as cenas? A) Fuga de Trinity, no início do filme, quando emboscada por dois policiais – neste momento, o efeito tem o papel de dar ao espectador a exata ideia do poder mental da personagem. B) Cena em que Morfeu solicita que a multidão ao redor dele e de Neo seja congelada - aqui o efeito tem o objetivo de enfatizar sua afirmação de que qualquer um pode ser um agente da Matrix e isso ocorre para dar à personagem principal a verdadeira dimensão da inserção da Matrix entre os humanos. C) Cena em que Neo desvia de vários tiros simultâneos disparados contra ele pelo Agente – aqui a intenção é a de que o espectador perceba o avanço do poder mental de Neo após o período que passou sob a tutela de Morfeu. PARA SABER MAIS: Bullet-time – tempo de bala em português - é um tipo de efeito especial de câmera lenta idealizada para mostrar o movimento de personagens e/ou objetos em um período de tempo extremamente curto e que remete o espectador a uma parada no tempo para obter uma visão detalhada da ação. O efeito ocorre por meio de um processo tradicional de filmagem, no qual a cena é reproduzida em uma velocidade ultra lenta. Ao mesmo tempo, dezenas de câmeras digitais dispostas em forma de espiral ao redor do objeto filmado tiram - cada uma delas - uma fotografia de cena. Com o conjunto destas 6
    7. Nome: nº. ano: data: / / fotografias reproduzido a uma velocidade de 12.000 quadros por segundo o objeto não só é visto em câmera lenta, mas também em 360º. É isso que dá o efeito de “congelamento” ao conjunto da cena.7) Observe a cena em que Neo e Morfeu caminham contra o fluxo de pessoas. Em seguida responda: a) O que simboliza o caminhar de Neo e Morfeu contra o fluxo de pessoas? A cena tem o papel de simbolizar a atitude filosófica que vai do senso comum (aparência) ao conhecimento real (essência) e que, na verdade, é uma atitude contra o fluxo de pensamento da sociedade, ou seja, é o “nadar contra a maré”. b) Qual o significado da afirmação de Morfeu de que qualquer um pode ser um Agente? Como se trata de uma realidade virtual, a Matrix pode assumir o lugar de qualquer pessoa e, ao mesmo tempo, qualquer pessoa pode pensar como defensora da Matrix. c) Segundo Morfeu, por que as pessoas lutariam para proteger a Matrix? Porque o mundo criado pela Matrix - como um mundo de sonhos - permite uma vida distante do mundo real, tornado-a mais confortável.8) Reveja a cena em que o Oráculo recebe Neo em uma cozinha e responda: a) Por que o local no qual vive o Oráculo é tão simples e, até mesmo, pobre? Porque o oráculo é sinônimo de conhecimento e a ideia expressa no filme – assim como pelos filósofos gregos - é a de que o conhecimento real é algo simples, basta que tenhamos vontade e determinação de chegar até ele. b) Qual a relação da cena com o pensamento de Heráclito de Éfeso, um dos filósofos pré- socráticos? Heráclito acreditava que tudo se transforma e - dizem as histórias contadas sobre ele - costumava receber as pessoas que o consultavam em uma cozinha, pois, segundo ele, o ato de cozinhar simbolizava claramente esta transformação já que um alimento se modifica profundamente ao passar pelo cozimento. 7
    8. Nome: nº. ano: data: / / c) A frase sobre a porta do Oráculo – “Conhece-te a ti mesmo” é uma a menção de um acontecimento da vida de Sócrates. Que acontecimento foi esse? O acontecimento foi a ida de Sócrates ao Oráculo de Delfos, que foi consultar sobre o significado de ser sábio. Lá a sibila, portadora do Oráculo, mostrou-lhe a frase. d) De que forma o Oráculo faz Neo chegar as suas próprias conclusões acerca das dúvidas que tinha? Qual a relação desta postura com a Maiêutica, o método filosófico criado por Sócrates? Na verdade o oráculo deixa claro que Neo deve conhecer-se antes de querer resolver os problemas do mundo, ou seja, Neo não é o “escolhido” – ele tem que se tornar o “escolhido” e, para isso, precisa se conhecer e isso dependeria de que tivesse uma atitude filosófica. A maiêutica, criada por Sócrates, consiste em extrair idéias por meio de perguntas. Para o filósofo, as idéias já existiam na mente "grávida" da pessoa, mas precisavam de um "parto" para se manifestarem. e) O Oráculo diz a Neo que “sem Morfeu estamos perdidos”. De que forma esta fala se relaciona com o Mito da Caverna? Porque Morfeu é responsável por localizar o “escolhido”. 9) Observe a cena em que ocorre o embate entre Neo e o Agente em uma estação de metrô e responda: a) A cena é uma referência a outro gênero fílmico. Qual? Justifique sua resposta com elementos extraídos da cena. A cena é uma referência ao gênero faroeste, o que se pode perceber pela forma como ambos se encaram (prestes a um duelo); pela ventania que acontece no início do embate; pela forma como retiram as armas; pela trilha sonora (típica deste gênero de filme); pela forma como enfrentamento acontece. b) Pesquise um pouco sobre a estrutura deste gênero fílmico e, em seguida, reflita sobre os motivos que justificariam esta opção do diretor por uma cena realizada deste modo. A opção tem relação com a necessidade de dar a cena uma sensação de disputa definitiva entre o bem (o mundo real) e o mal (o mundo dos sonhos criado pela Matrix). 8
    9. Nome: nº. ano: data: / / c) Por que Neo repete o gesto de Morfeu durante o seu treinamento de combate, ao encarar o Agente? Para que o espectador se certifique de que, neste momento, Neo incorpora os ensinamentos de Morfeu.10) Analise algumas das falas da personagem Morfeu e responda ao que se pede: a) Morfeu fala em mundo dos sonhos e um mundo real. Analise esta fala à luz do Mito da Caverna de Platão. Na caverna a que Platão faz referência há uma fresta por onde passa uma luz que produz sombras nas paredes – são as sombras do mundo real. As pessoas aprisionadas na caverna crêem que as imagens projetadas na parede da caverna sejam a realidade. Pode-se afirmar que os prisioneiros são a humanidade presa no desconhecimento. Em Matrix, eles são representados pela humanidade prisioneira das máquinas tiranas. Assim como o protagonista da Alegoria de Platão que se liberta e parte em direção à luz (conhecimento), Neo sai de sua “caverna-mente”, onde as máquinas projetam uma realidade virtual, e inicia sua caminhada para descobrir o mundo real. b) Ainda refletindo a partir da alegoria platônica, analise o significado da afirmação de Morfeu de que Neo tinha os olhos de um homem que aceita o que vê porque está esperando acordar. O fugitivo da alegoria de Platão é aquele que tem acesso à luz (ao conhecimento) e no percurso até ele (o exterior da caverna) sua visão necessita de tempo para assimilar as mudanças. Morfeu deixa claro, então, que esse é um processo que demanda tempo e requer um período para adaptação. c) Por que a certa altura do filme ele afirma que Neo nasceu em uma prisão que não consegue ver ou tocar? Que prisão é essa? Como alguém pode ficar preso sem o uso da força? Qual a relação dessas afirmações com o Mito da Caverna? Porque Neo é prisioneiro de um mundo virtual que acredita ser real. Este mundo – o mundo dos sonhos - é uma prisão criada pela Matrix que impede as pessoas se enxergarem o mundo real. A prisão sem o uso da força é a prisão através das ideias, esta é a relação com o Mito da Caverna. 9
    10. Nome: nº. ano: data: / / d) Por que o mundo real apresentado pelo filme não é tão interessante visualmente como o mundo da Matrix? Porque o mundo virtual tem a finalidade de atrair os humanos e mantê-los prisioneiros da Matrix. Já o mundo real – destruído pelas ações humanas e, posteriormente pela disputa entre humanos e máquinas – é a expressão da dificuldade de trilhar o caminho do conhecimento. e) Por que ele é considerado pelos agentes da Matrix o homem mais perigoso que existe? Porque ele é responsável por localizar o “escolhido”- que irá dominar e destruir a Matrix – e, neste processo, liberta muitos humanos da dominação das máquinas.11) O livro “Simulacro e Simulação” no qual Neo esconde o dinheiro que recebe e as mídias que vende pertence a um filósofo francês contemporâneo. Faça uma breve pesquisa na internet e descubra: a) O nome do filósofo? Jean Baudrillard b) A que escola filosófica pertenceu? Filosofia Pós-moderna no período contemporâneo. c) Qual a relação de suas ideias com o filme? Baudrillard fala sobre o domínio da mídia e a cultura de massas e suas ideias baseiam-se na afirmação de que a mídia, as simulações e o que ele chama de cyberblitz (dependência que o ser humano tem desenvolvido à informática) constituem uma nova experiência, um novo estágio da história e um novo tipo de sociedade. PARA SABER MAIS: A frase de Morfeu “bem-vindo ao deserto do real” é, na verdade, uma frase de Baudrillard. Baudrillard é considerado um dos maiores críticos da pós-modernidade. Nascido em Reims, França, em 1929, foi professor de Filosofia em Nanterre de 1960 a 1987. Ele fala sobre um mundo hiperreal onde modelos da realidade - que não correspondem ao mundo em que vivemos - dominam, ocupando o lugar do real. Ele afirma que estamos na Era da Simulação, composta por signos, códigos, modelos. Ele não considera a mídia de massa como uma forma de comunicação, por ser unilateral. 10
    11. Nome: nº. ano: data: / / Nesta obra o filósofo defende a ideia de que não há mais sentido nas coisas, que a verdade foi substituída por falsificações, por simulacros.12) Podemos afirmar que existe uma contradição em termos entre o objetivo de Morfeu de fazer Neo compreender a existência de um mundo real e a sua insistência em querer que ele creia no destino que o próprio Neo afirma ser a impossibilidade de controlar a própria vida? Sim, é possível afirmar que há uma contradição na medida em que Morfeu tenta convencer Neo de que ele é prisioneiro de uma realidade que não existe - controlada pela Matrix – e, ao mesmo tempo, o pressiona a aceitar sua condição de “escolhido”, o que é, em ultima instância, uma forma de retirar dele o controle sobre o seu próprio destino.13) O Oráculo afirma que ser o escolhido implica em não ter dúvidas. Será que esta pode ser considerada uma atitude filosófica? Não, posto que o princípio da atitude filosófica é o questionamento que só é possível a partir das dúvidas, sem as quais não é possível questionar.14) A promessa final de Neo é realmente possível? Podemos ter um mundo sem regras e sem limites? Justifique sua resposta. Não, as regras e os limites são elementos necessários para garantir direitos e, consequentemente, deveres na vida em sociedade. Sem eles a vida em comunidade se tornaria impossível. 11



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Mito da Caverna e Matrix
Filosofia
O mito da caverna, ou alegoria da caverna, é uma passagem do livro VII de A República na qual Platão, representado pela figura de Sócrates, apresenta a sua teoria idealista do conhecimento. O filme Matrix possui uma relação próxima com o diálogo platônico.
Escolha da pílula vermelha em Matrix se assemelha ao movimento de saída da caverna, ou seja, à libertação
Escolha da pílula vermelha em Matrix se assemelha ao movimento de saída da caverna, ou seja, à libertação
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Muitos devem conhecer o filme Matrix, mas o que nem todos sabem é que ele contém referências filosóficas riquíssimas. As ideias apresentadas na superprodução cinematográfica apresentam relação com a filosofia idealista platônica, fazendo claras referências à alegoria da caverna, de Platão.
O filme

Matrix (dir. irmãs Wachowski, 1999) narra a estória de Neo Anderson, um hacker de computador que, por meio de invasões pela internet, descobre a existência de um estranho programa na rede, a matrix.

Após suas descobertas, Neo é procurado por um grupo de pessoas que se dizem hackers e afirmam saber de uma verdade que a maioria não sabe, deixando a critério do protagonista: optar por conhecer a verdade e mudar sua vida para sempre ou continuar sendo enganado pela Matrix e esquecer todas as suas descobertas. Neo Anderson decide então conhecer a verdade.
O mito

O mito da caverna, como também é conhecido, é um diálogo platônico apresentado no livro VII da República e tem como interlocutores Sócrates e Glauco. Sócrates apresenta uma situação na qual escravos se encontram presos no fundo de uma caverna com os olhos voltados apenas para o fundo dela.

Atrás deles há uma fogueira e, por trás dela, passam pessoas e objetos. Através do fogo, os objetos geram sombras que são projetadas de maneira distorcida na parede da caverna. Tudo que esses escravos conhecem até então são essas sombras e os ecos dos sons propagados do lado de fora. Isso para eles é todo o mundo.

Em um dia qualquer, um dos escravos consegue se soltar e caminha em direção à saída da caverna. Quando finalmente sai, ele descobre um mundo totalmente diferente do que conhecia antes.

Ao primeiro encontro com a luz solar diretamente nos olhos, o escravo tem um ofuscamento da visão, que pouco a pouco vai se desfazendo. Gradativamente, o escravo vai se acostumando a olhar na claridade e aprendendo a contemplar esse “novo mundo”.

Então, ele decide voltar à caverna e contar aos seus companheiros o que há do lado de fora, mas eles certamente não o reconhecerão e não aceitarão a sua nova versão da realidade. Diante disso, ele se encontra em um dilema: voltar e contar aos outros, que podem julgá-lo como louco e até matá-lo, ou ficar e contemplar um novo mundo sozinho?
Como relacionar as duas obras

A professora Marilena Chauí 1, do departamento de Filosofia da USP, escreveu um excelente texto didático explorando as relações do filme Matrix com o diálogo de Platão. Este texto está publicado no início do livro Convite à filosofia.

Neo Anderson, o protagonista do filme, é a figura do escravo que consegue se libertar da caverna. Esse escravo liberto da caverna representa o filósofo. O filósofo é quem consegue se livrar da prisão que mantém os homens escravos da percepção, dos sentidos, e que por eles são enganados.

Libertar-se da caverna significa, em uma linguagem platônica, acessar o famoso mundo das ideias,

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Como entender Matrix?

Última atualização: 2023-08-26

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